Los Caballos No Se Acuestan (2024)

En una lejana finca, un campesino comparte su vida solitaria con un compañero: un caballo enfermo. Este inusual dúo emprenderá un viaje onírico que lo llevará a la autodescubrimiento y lo preparará para la inevitable despedida.

Críticos:

Hadrian Ezekiel

A abordagem do luto em Los Caballos No Se Acuestan


Los Caballos No Se Acuestan, curta-metragem universitário cubano dirigido por Kwon Ji Yong narra o sofrimento de um homem solitário que é apegado a seu cavalo e não aceita o fim iminente a que o animal está condenado. Não só por este animal ter sido uma ferramenta útil em seu trabalho, mas também por ser seu companheiro. O cavalo apareceu nas redondezas por acaso e acabou sendo o único ser a dividir a cabana com o personagem. De uma maneira certamente inesperada, o animal preencheu a vida dele, que não hesitou em se apegar ao cavalo.



Logo no começo do curta-metragem, a falta do equino é retratada quando o homem está a puxar uma carroça, o que seria, tipicamente, um trabalho reservado ao animal. O cavalo não pode realizá-lo justo por já estar adoecido. No decorrer da produção, mais situações, como a recusa do animal em se alimentar, aprofundam o clima lúgubre e solitário vivido pelo protagonista. Aliás, a fotografia neblinada, em cenas caracterizadas por dias nublados e chuvosos e por cores desbotadas, reforça o teor melancólico de Los Caballos No Se Acuestan


Através desta lugubridade, o curta traz uma reflexão referente aos estágios do luto pela perda de algo ou alguém que se tem uma conexão. Neste caso, o processo de negação. Guiado por uma voz em uma sequência onírica — que, aliás, é outra característica desta narrativa —, o protagonista é levado a um acerto de contas com o luto. “Sedento, velho e cansado, [...] um homem que não sabe deixar as coisas irem” — diz a voz a ele. A voz — uma representação da presença no animal — busca acalentar e conduzir o antigo dono a um processo de aceitação, onde haja a “cura” do luto.


O trabalho dirigido por Kwon Ji Yong é poético em um sentido lutuoso, mas não somente. Los Caballos No Se Acuestan também reforça a proximidade entre homem e animal; que, muitas vezes, se tornam os companheiros de pessoas que não tem outros seres humanos próximos. E mesmo quando se há alguém, os animais de estimação — independente da espécie — exercem um papel fundamental no emocional de um ser humano. Sendo assim, o curta-metragem se firma como uma mensagem agradável sobre o luto e sobre o relacionamento homem-animal; e sobre como é doloroso e difícil a perda de um ser com quem se tem conexão.