Dois garotos decidem passar seu último dia juntos enquanto esperam o Sol de Setembro.
Sol de Setembro é um curta-metragem universitário mato-grossense dirigido por Vitor Manoel Evangelista. Nele, dois rapazes acabam ficando para trás em um sítio quando as pessoas fogem do fim que se aproxima. Os dois decidem aproveitar aquela tarde que antecede o Sol de Setembro. A partir dessa premissa, a produção aborda temas relacionados a situações vividos por pessoas LGBTQIAP+.
Através de uma direção encantadora e fotografia solar, acompanha-se esta última tarde de Guilherme, e Théo. A questão de aproveitar a vida é ressaltada por meio de cenas que incitam a proximidade desses dois personagens. A tarde começa com um banho de rio e o aproveitamento dos recursos do sítio, os leva a decidir fazer um piquenique. Quando Guilherme e Théo se preparam para esse piquenique especial, a narrativa trabalha situações recorrentes, tanto das pessoas em geral, quanto particulares a pessoas queer.
No caso de Guilherme, a angústia pelo fim que se aproxima. Théo, através de uma situação envolvendo a maquiagem, traz à tona uma vivência comum as pessoas LGBTQIAP+: ter que realizar coisas de seu desejo às escondidas, manter suas vidas em segredo para não desagradar a pessoas preconceituosas e “conservadoras”. De certa forma, isto é uma inversão da lógica, afinal os incomodados que teriam que se retrair, não as vítimas. Isto evidencia a repressão incrustrada na sociedade, o preconceito estrutural existente que impede as minorias de terem sua liberdade respeitada.
Intercalado às situações, letreiros incorporam à trama contextualização e reflexão referente ao tema trabalhado, aprofundando a ideia. “O Outdoor dizia que o fim está próximo” reforça a ideia de que o fim do mundo está próximo, mas “Não, eu não tenho medo de desaparecer”, reafirma a força desses personagens, que estão preparados para o fim. Neste mesmo sentido, a direção de arte de Sol de Setembro também é algo a ser destacado por trazer posteres, livros e desenhos que fazem referências a obras com temáticas LGBTQIAP+, agregando à aura do curta-metragem. Aliás, apesar da temática que pode suscitar lugubridade, Sol de Setembro se mantem solar, mesmo em momentos de maior carga dramática, como a cena em que Guilherme teme pelo porvir. Ou seja, o carinho que um personagem tem pelo outro, o amor existente ali, sobressai a qualquer adversidade.
Por fim, o dito Sol de Setembro. O fim dos tempos. Enquanto os outros fugiram, Guilherme e Théo, não. Decidiram enfrentá-lo. Como a luta das minorias, que apesar de todas as adversidades, continuam de pé. Seguem lutando, buscando a justiça e a liberdade de ser quem realmente é. Outro ponto que Sol de Setembro trás é o fato de a vida poder ser cessada em diferentes e inesperadas situações e que por isso deve-se aproveitar os momentos. Não se importar com o que os outros pensam, ou o que vão pensar. A vida é única e deve ser vivida. Ao fim, o amor prevalecerá.