Salada de Furtos: Os Quatro Delinquentes (2024)

Quando uma bebida rara e exclusiva chega em um bar de Cuiabá, quatro jovens se reunem para planejar roubá-la, mas a inexperiência e falta de entrosamento do grupo pode trazer obstáculos à missão.

Críticos:

Thalles Fernandes

Salada de Furtos: Os Quatro Delinquentes


Salada de Furtos: Os Quatro Delinquentes é um curta-metragem de ficção dirigido por Ryan Carmo. O filme conta a história de quatro jovens que decidem roubar o Bafo do Dragão, uma rara bebida que chega pela primeira vez à cidade de Cuiabá de forma exclusiva a um bar universitário. Eles planejam o roubo detalhadamente, porém, a falta de experiência, acontecimentos inesperados e a dificuldade de entrosamento entre os integrantes do grupo faz com que a missão se torne ainda mais difícil.


O curta brinca com o gênero heist, usando características e estereótipos do gênero para subvertê-lo e assim criar algo que honre suas origens mas que ainda traga uma roupagem nova voltada ao público universitário e cuiabano. Momentos como o planejamento do roubo, que sempre estão presentes nas grandes produções hollywoodianas do gênero, são reinventados na obra de maneira muito inventiva, usando apelidos relacionados a frutas para os jovens e fazendo com que isso acrescente na personalidade de cada um a partir das frutas nas quais eles receberam o nome.


Os protagonistas do filme são muito carismáticos, a personalidade de cada um é muito bem trabalhada pelo roteiro e isso traz uma dinâmica interessante para o grupo, que deixa a narrativa cômica e divertida. As situações e interações são hilariamente absurdas em uma medida que torna o curta muito fácil e prazeroso de ser assistido, com direito até a um plot twist no final, fazendo o espectador desejar ver mais ainda desses personagens, seja em uma continuação dessa história ou até mesmo em outras situações.


Porém, o curta brilha mesmo em sua direção e edição. Esses dois trazem uma identidade única para a obra, sendo claramente os aspectos que mais se destacam e enchem os olhos logo na primeira vez em que se assiste. Ryan Carmo trabalha muito bem os absurdos que o roteiro oferece de maneira que tudo isso é agregado ao visual do filme, transformando-o em uma experiência única e com momentos que com certeza não vão sair da cabeça do espectador tão cedo, como por exemplo a cena em que os quatro delinquentes são introduzidos um por um.


Por fim, é lógico que todo filme universitário tem os seus empecilhos, como falta de orçamento e a escassez de equipamentos, mas a equipe de Salada de Furtos consegue contornar esses empecilhos e fazer um projeto com criatividade e autoria destacáveis. Aqui podemos ver o motivo do incentivo à produção do audiovisual universitário, pois há cineastas dos quais devemos prestar atenção e acompanhar a sua jornada, que claramente tem um futuro brilhante pela frente e que trarão (já trazem, na verdade) muito orgulho para o audiovisual brasileiro.